Você talvez já tenha conhecido alguém assim: a pessoa é inteligente, a aparência chama a atenção e tem bom papo. Contudo, nem adianta chamá-la para um bar. Sem energia, antes mesmo da meia-noite a pessoa já está cansada e quer ir embora. O Fiat Punto enfrentava isso. Equipado com o fraco (para os seus 1.100 kg) motor 1,4-litro de 85 cv/ 86 cv (G/E), o hatch desenhado pelo designer Giorgetto Giugiaro padecia de um coração que acompanhasse sua carroceria com linhas harmônicas e comportamento dinâmico superior.
Mais caro, o Punto 1,8-litro tinha força extra, mas o motor da Chevrolet cobrava pelo desempenho na forma de ruído e aspereza ao dirigir. Para dar força a seu hatch compacto e, por tabela, aposentar o motor 1,8-litro oriundo da parceria com a GM, a Fiat desenvolveu dois novos propulsores, de 1,6-litro e 1,8-litro – ambos com 16 válvulas – para equipar sua linha. E o Punto é o primeiro da fila do transplante de coração.
Cativeiro
O grande destaque dos novos motores E.TorQ, como o nome indica, é o torque elevado em baixas rotações. A Fiat afirma que 81% dos 16,8 kgfm de torque (com etanol) do motor 1,6-litro já está disponível a 1.500 rpm, enquanto o bloco 1,8-litro oferece 93% de seus 18,9 kgfm a 2.500 rpm. Na prática, é mais força para saídas de semáforos e subidas de ladeiras. Pena que nada disso pode ser avaliado no test-drive oferecido pela Fiat.
Os três novos modelos oferecidos (Punto 1.6, 1.8 e 1.8 Dualogic) poderiam ser guiados no Autódromo de Curitiba (PR) ou em um curto (e plano) trajeto com cerca de um quilômetro de extensão ao redor do circuito. Por isso o WebMotors optou por apenas fazer a apresentação dos modelos, que serão avaliados corretamente posteriormente.
Cavalos mais baratos
Com previsão de formar 40% das vendas do Punto (a 1,4 corresponde a 40% e o restante fica dividido entre as outras versões), a Essence 1,6 pretende oferecer mais potência sem cobrar muito mais para isso. Partindo de R$ 44.190, a versão é R$ 1.130 mais cara que a agora aposentada ELX 1,4 , mas com um propulsor 26% mais potente. Gerando até 117 cv com etanol, o bloco tem fôlego em baixas rotações, mesmo sem contar com variador de válvulas. Não é divertido como um Ford Fiesta 1.6, mas evita as constantes “esticadas” de marcha necessárias no 1,4-litro – que, diga-se, inexplicavelmente não foi substituído pelo EVO adotado no Uno.
Partindo de R$ 46.250, o Essence 1,8 oferece mais potência do que o aposentado 1,8 Powetrain. Contudo, a aspereza e o ruído do bloco anterior não sumiram de todo. A partir de 3.500 rpm o ruído torna-se mais vigoro, assim como o desempenho. Apesar do bom trabalho feito pela engenharia da Fiat, o E.TorQ 1,8 pede por rotações mais altas para respirar melhor, e o caminho até lá não é tão suave quanto no 1,6. Porém poucos motoristas irão se incomodar com esse detalhe, principalmente nas versões equipadas com o câmbio Dualogic.
A versão automatizada (que a Fiat insiste em chamar de automática) só será oferecida no Punto com motor 1,8 e custa, em média, R$ 2,5 mil. A transmissão, também disponível no Stilo, Palio, Palio Weekend e Idea, mostra uma clara evolução desde que estreou em 2008. Os trancos entre as marchas diminuíram, aproximando-se do concorrente Polo I-Motion. A condução do carro no trânsito urbano aparenta ser prazerosa, com o câmbio fazendo o “trabalho sujo” das constantes trocas de marcha. O comportamento do conjunto, porém, ainda é inferior ao do câmbio automático, principalmente em acelerações mais fortes
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